Aprenda a carregar as pessoas no coração
O Evangelho de hoje mostra
Jesus cuidando de Seus discípulos e em contato com as multidões
carentes, atento às suas necessidades e procurando libertá-las de suas
carências e opressões, dirigindo-lhes a Palavra.
Jesus repete novamente sua preocupação a
respeito da falta de operários para a messe, ou de pastores para o
rebanho. Em outras palavras, hoje seria a falta de padres que sejam
verdadeiramente pastores das ovelhas. Ontem, como hoje também, existem
muitas ovelhas precisando de pastores pelo mundo afora. E Cristo nos
compromete nesta missão.
O amor de Jesus é tão sincero e afetuoso
pelos seus irmãos, que nem mesmo o cansaço ou a fome são capazes de
privar as pessoas de Seu convívio. Nesta Palavra de hoje, percebemos
duas atitudes de Cristo para com os seus. A primeira, quando Ele chama
Seus discípulos ao descanso, sabendo que eles viveram uma batalha
espiritual árdua; para tanto, é preciso recolhimento, descanso físico e
espiritual. É preciso se fortalecer. A comida, por exemplo, pode ser
entendida como alimento material, mas também alimento espiritual, afinal
“nem só de pão vive o homem”. Em muitos momentos do Evangelho, o
próprio Cristo se recolhe para orar, para conversar com Deus. Ele nos
ensina a ter esse momento para criar intimidade com o Pai.
Entretanto, aquela multidão que ali se
encontra não percebe essa situação, porque estão sedentos de amor,
atenção, pois eles estão, constantemente, sendo excluídos da sociedade e
da própria religião que professavam. Em Jesus e em Seus discípulos se
percebe um acolhimento, uma Palavra que é diferente de tudo que eles
conheciam, uma Palavra que une e não separa, que perdoa e não se vinga
das suas faltas. A razão é simples: eles eram como “ovelhas sem pastor”.
Isto significa que eles agiram até agora por ignorância. Sem saber ou
distinguir “a mão direita da esquerda”. Que constatação triste! Não
existe nada pior que a solidão, não ter com quem contar, com quem
conversar, dividir dores e alegrias. Não fomos feitos pra viver como
“ilha”, mas juntos. Jesus sente essa solidão em cada pessoa, apesar de
estarem numa multidão.
O texto ressalta a compaixão de Cristo
pelo povo muito sofrido, rejeitado e desprezado pelos chefes
político-religiosos de então, não tendo nem tempo para comer. E quando
Ele se retirava, o povo ia atrás d’Ele. O que atraía tanta gente? Com
certeza, não foi em primeiro lugar a doutrina, nem os milagres, mas o
fato de irradiar compaixão, de demonstrar, de uma maneira concreta, o
amor compassivo de Deus.
Jesus não teve “pena” do povo, não teve
“dó” dos sofridos. Teve “compaixão”, literalmente, pois Ele sofria
junto, tinha empatia com os sofredores, a qual se transformava numa
solidariedade afetiva e efetiva. Este traço da personalidade do Senhor
desafia a Igreja e os seus ministros, hoje, para que não sejam
“burocratas do sagrado”, mas irradiadores da compaixão do Pai.
Infelizmente, muitas vezes, as nossas
igrejas mais parecem repartições públicas do que lugares do encontro com
a comunidade que acredita no amor misericordioso de Deus e na compaixão
de Jesus! A frieza humana frequentemente marca as nossas atitudes,
pregações e cuidado pastoral. Num mundo que exclui, marginaliza, e só
valoriza quem consome e produz, o texto de hoje nos desafia a nos
assemelharmos cada vez mais a Jesus, irradiando compaixão diante das
multidões que hoje – como nunca! – estão como ovelhas sem pastor.
Então, mesmo sabendo da necessidade de
descanso, Ele sente compaixão, e serve. Ensina-nos que servir ao próximo
deve ser prioridade, apesar dos cansaços, apesar das dores, precisamos
ver e entender que existem muitas pessoas necessitadas. E pode ter
certeza que muitos a nossa volta, que aparentemente não precisam de
nada, são carentes de uma palavra, de um ombro amigo, de alguém que os
escute. E, por isso, manifestam a sua carência de várias formas:
agressividade, mau comportamento, irritação, puxando o chão dos nossos
pés. E tudo o que fazem é somente procurando arruinar a vida dos outros.
Minha irmã, meu irmão, não existem
pessoas difíceis ou que nos roubem tempo. O segredo é levá-las não nos
ombros e sim no coração. Pois as pessoas nos serão pesadas se nós as
carregarmos nos ombros. Mas se as levarmos no coração elas se tornam
mais leves. Basta pedir que Jesus faça do seu coração semelhante ao
d’Ele, e verá que estas pessoas são como que ovelhas sem pastor. E então
você será o pastor que elas estão precisando.
Ó Pai, dai-nos a graça de levar nossos
irmãos no coração, de servir acima das nossas próprias necessidades
confiando que, em Jesus, poderemos descansar e entregar nosso peso para
que Ele nos ajude a levar o nosso e o dos outros.
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