Todos são iguais e filhos aos olhos de Deus
A atitude dos discípulos, que impedem os pequeninos de se aproximarem de Jesus, significa incompreensão do ministério de Cristo.
O relevância das crianças do Evangelho
de hoje é diferente do Evangelho da terça-feira passada, que se tratava
da conversão. Se tornar “pequeno como uma criança” para aqueles adultos
que buscavam o poder e não a dependência de Deus tratava-se de
conversão: “Em verdade vos digo, se não vos converterdes, e não vos
tornardes como crianças, não entrareis no Reino dos Céus. Quem se faz
pequeno como esta criança, este é o maior do Reino dos Céus” (cf. Mt 18, 3-4).
Na antiguidade, as crianças não eram
consideradas seres significativos na sociedade. Jesus, porém, faz delas
as privilegiadas do Reino de Deus. Admite-as de bom grado na vida da
comunidade cristã. E, com elas, admite e ama com predileção os
marginalizados, os desconhecidos, os desprezados, as viúvas, os leprosos
e os excluídos da convivência humana. Pelo que podemos notar, os tempos
de hoje não são tão diferentes do tempo de Jesus. “Porque deles é o Reino dos Céus”.
Existem, hoje, códigos de direito e
defesa das crianças mas, mesmo assim, elas ainda são “violentadas” de
muitas formas pela nossa sociedade, que cada vez mais longe de Cristo se
torna pagã e desumana. Além das crianças, deixamos de fora dos direitos
do Reino adultos drogados, pobres marginalizados, idosos, que não
“produzem” mais e, por isso, são um peso para o mundo comercial e
competitivo e “aqueles que não compreendemos porque são assim”. Sem
falar na mãe solteira, nas crianças que não tiveram nem o direito de
nascer. As crianças estão no centro da família e são um sinal de
esperança, de tempos melhores, de um futuro mais justo e humano.
Portanto, toda espécie de “pré”-conceito
contra quem quer que seja é contrário ao Reino de Deus ensinado por
Jesus. É necessário evangelizar nossa sociedade, mas também nosso
interior engessado com uma mentalidade de direitos exclusivos para
determinado grupo ou classe social. Onde uns são melhores do que os
outros. Todos são filhos e iguais aos olhos de Deus. Vejamos também o
modo como nos julgamos e julgamos os outros.
Ide, pois, aprender o que significa: “Eu quero amor e misericórdia mais do que sacrifícios e holocaustos” (cf. Mt 9,13).
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