Precisamos ter uma fé insistente
Depois de Jesus ter
espalhado, pela Galileia, junto dos Seus apóstolos, a chegada do Reino
dos Céus, decide-se a ir para terra estrangeira, para a região de Tiro e
Sidon, ao norte da Galileia, no atual Líbano, uma terra estrangeira,
onde a maior parte das pessoas eram não-judias, ao contrário da
Galileia, onde quase todos eram judeus.
Uma delas era esta mulher que foi ter com
Jesus. Sem nome, o evangelista Marcos a chama de “siro-fenícia”. Mateus
diz que ela é “cananeia”. Os dois títulos têm o mesmo significado:
trata-se de uma mulher estrangeira.
Ela tinha uma filha endemoniada. A mãe
não sabia mais o que fazer para livrar a pobre coitada daquele
sofrimento. O demônio não deixava a menina em paz em nenhum momento. A
mãe da menina aproveitou que Jesus estava por ali, chegou e gritou: “Jesus, tenha pena de mim! Minha filha está horrivelmente dominada por um demônio!”
Ela conhecia Jesus de nome, sabia que Ele
era muito bom e tinha poder para mandar embora os demônios. A
princípio, Jesus não falou nem fez nada. Também não parou de andar para
dar atenção à mulher. Mas ela foi atrás d’Ele gritando: “Jesus, tenha pena de mim!”.
Os amigos de Jesus entenderam o sofrimento dela e pediram para que o
Senhor a mandasse embora. Jesus não a mandou embora, mas fingiu que não
iria atender o seu pedido. Para provar a fé daquela mulher, Ele disse
que curava gente de seu país, e não gente de outro país.
A mulher, movida de uma fé que ultrapassa a dos discípulos, grita a Jesus: “Tem compaixão de mim, Senhor, filho de Davi! Minha filha tem uma doença maligna”. Jesus não responde. Os discípulos, incomodados, dizem-Lhe: “Manda-a embora, pois vem gritando atrás de nós”.
Ela, porém, jogou-se aos pés de Jesus: “Senhor, ajuda-me!”. Ele insiste em não querer se envolver no caso de uma estrangeira: “Não está certo tirar o pão dos filhos, para jogá-lo aos cachorrinhos”. Ela, porém, apesar de reconhecer que não tem esse direito, insiste na sua humilde “súplica”: “É verdade, Senhor, mas também os cachorrinhos comem as migalhas que caem da mesa de seus donos”. Então, Jesus respondeu: “Mulher, grande é a tua fé! Seja feito como tu queres”. E, a partir daquela hora, a filha da cananeia ficou curada.
A mulher cananeia é um modelo de súplica
humilde, como o centurião de Cafarnaum (cf. Mt 8,5-13), e perseverante
como o cego Bartimeu (cf. Mc 10,46-52). O centro do episódio é Jesus.
Ele aparece livre, sereno, firme. No mesmo capítulo 15 de Mateus, Jesus
se distancia das tradições dos escribas e fariseus. No episódio da
cananeia, Ele é pressionado pelos próprios discípulos para que despeça a
mulher importuna. Mas o Senhor se deixa vencer pela súplica de uma mãe
angustiada. Não são os gritos da cananeia que O comovem, mas a
perseverança da sua fé. Por ser pagã, ela não teria direito, mas a sua
filha foi curada por pura graça. Jesus realiza um gesto soberano e
profético, que anuncia o acesso dos pagãos (chamados de “cães” pelos
judeus) à salvação.
A insistência e ousadia da mulher
cananeia fez com que Jesus atendesse seu pedido. Com isso, provou para
todos que, em Deus, não há diferença entre cultura, cor, raça, credo ou
região.
Uma grande lição para levarmos em nossas
vidas é que precisamos ter uma fé teimosa, insistente, “chata”, daquelas
que chega a incomodar, que não desanima nunca, que não se frustra. Pois
assim, quando Deus provar a nossa fé, conseguiremos manter-nos firmes e
fiéis. A perseverança da fé dessa mulher deve nortear também a sua.
Insista que Jesus vai lhe atender. A promessa é mesmo d’Ele: “Batei, e a porta se vos abrirá, buscai e achareis”. Exercite sua fé na oração, na reflexão da Palavra e no testemunho de vida.
Senhor, que eu seja mais sensível ao
sofrimento dos pobres desta terra do que aos “direitos adquiridos” dos
sábios e entendidos! Que nas horas em que o Senhor parece não responder à
minha súplica, eu persevere, confiando na Sua misericórdia.
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