Como eu vivo a minha fé?
Hoje a liturgia celebra a memória de Santa Clara de Assis, que admirada com ideal de pobreza e vivência do Evangelho seguiu Francisco e fundou as Clarissas, ramo feminino dos Franciscanos. Quando a Igreja celebra a memória de um santo ela quer celebrar, na verdade, a Páscoa de Jesus na vida daquela pessoa, que de maneira heróica em sua vida viveu a intimidade com Deus, o serviço aos irmãos e buscou se assemelhar a Cristo, o Salvador. Com isso, se torna modelo e intercessora para nós na pátria celeste.
O Evangelho de hoje nos apresenta um drama familiar: um pai que recorre a Jesus para sanar, libertar o mal que afligia o seu filho. Sua prece? “Kyrie eleison!”, que quer dizer: “Senhor tende piedade deste meu filho e põe fim a essa situação desoladora”.
Fica clara nesta passagem que o milagre não aconteceu por falta de fé dos discípulos de Jesus. Milagre é a junção da nossa fé e atitude com a graça e o amor de Deus, que faz acontecer o milagre. O Senhor disse, certa vez aos Seus discípulos, que se eles tivessem fé do tamanho de um grão de mostarda eles fariam grandes coisas – até mover montanhas! “Em verdade vos digo, se vós tiverdes fé do tamanho de uma semente de mostarda, direis a esta montanha: ‘Vai daqui para lá’ e ela irá. E nada vos será impossível” (cf. Mt 17,20).
Aqui não se trata somente de “pouca” fé no sentido de quantidade, de força, mas da qualidade da fé. Uma fé autêntica, pura, verdadeira n’Aquele que poderia libertar e curar aquele jovem.
Na Palavra de Deus diz que até o demônio tem fé e treme diante de Deus, mas não é uma fé que professa, que declara o Senhorio de Jesus, que determina minha vida, atitudes, escolhas. Por isso, não encontrando firmeza na fé dos discípulos, o mal não abandonou aquele rapaz. Muitas vezes ainda temos uma fé supersticiosa ou uma fé “mágica”, que acha que basta pedir e esperar como um passe de mágica, automático, que sempre está ao nosso dispor.
Pior ainda quando acendemos uma vela para Deus e outra para o diabo, desculpe falar assim, uma fé dividida. Vai à Santa Missa mas, depois, dá uma “passadinha” no centro espírita, na benzedeira ou no “pai de santo”. Muitos de nós, cristãos, não acreditamos que o Demônio exista. Mas para nós, católicos, pela Revelação na Palavra de Deus, pela Tradição e pelo Magistério da Igreja é fato que existe o Demônio, o Diabo, o inimigo de Deus e dos homens. Vejamos o que diz o Catecismo da Igreja Católica:
§ 392 A Escritura fala de um pecado desses anjos. Esta “queda” consiste na opção livre desses espíritos criados, que rejeitaram radical e irrevogavelmente a Deus e seu Reino. Temos um reflexo desta rebelião nas palavras do Tentador ditas a nossos primeiros pais: “E vós sereis como deuses” (Gn 3,5). O Diabo é “pecador desde o princípio” (1Jo 3,8), “pai da mentira” (Jo 8,44).
§ 414 Satanás ou o Diabo, bem como os demais demônios, são anjos decaídos por terem se recusado livremente a servir a Deus a seu desígnio. Sua opção contra Deus é definitiva. Eles tentam associar o homem à sua revolta contra Deus.
Contudo, o Evangelho fala do poder da fé verdadeira e autêntica para a qual nada é impossível. Nem o poder e a influência do mal. Em primeiro lugar, fé é um dom de Deus. E, em segundo lugar, abertura e adesão do homem a Deus: A fé é um dom de Deus, uma virtude sobrenatural infundida por Ele. “Para que se preste esta fé, exigem-se a graça prévia adjuvante de Deus e os auxílios internos do Espírito Santo, que move o coração e o converte a Deus, abre os olhos da mente e dá a todos suavidade no consentir e crer na verdade” (cf. Gl 1,15-16; Mt 11,25). Catecismo da Igreja Católica, 153.
Portanto, a fé é dom e tarefa. Precisamos nos abrir a graça de Deus e, crendo, fazer acontecer a nossa fé. Caminhar, crescer no exercício da fé através da vida de oração e intimidade com o Senhor e do conhecimento da Palavra de Deus e depositá-la no “banco” que a faz render que é a caridade e o serviço.
Diga-me como anda o seu relacionamento com Deus – e com os irmãos – e eu lhe direi como é a sua fé.
Padre Luizinho – Comunidade Canção Nova
Nenhum comentário:
Postar um comentário