Maria conhece as nossas dores
Diante
da Virgem Maria, ao pé da cruz, tanta dor e tanto sofrimento, mas
também tanta fortaleza e fé, que Jesus crucificado não poderia dar maior
presente aos Seus discípulos e a toda humanidade (representada ali por
João, o discípulo amado), senão a Sua santíssima Mãe. Maria conhece as
dores do nosso coração, por isso, depositemos no coração
transpassado dela os nossos pedidos e súplicas, confiantes de que todos
os pedidos feitos à Mãe o Filho atende. Os santos e a Tradição da Igreja
nos ensinaram a amar e a venerar Maria na alegria ou na dor.
Somos
convidados, hoje, a meditar os episódios mais importantes que os
Evangelhos nos apresentam sobre a participação de Maria na Paixão, Morte
e Ressurreição de Jesus: a profecia do velho Simeão (Lucas 2,33ss.); a
fuga para o Egito (Mateus 2,13ss.); a perda de Jesus aos doze anos em
Jerusalém (Lucas 2,41ss.); o caminho de Jesus ao Calvário (João
19,12ss.); a crucificação (João 19,17ss.); a deposição da cruz e o
sepultamento (Lucas 23,50ss.).
Vejamos o que nos diz São Bernardo, um santo profundamente mariano:
“O martírio da Virgem é mencionado tanto na profecia de Simeão quanto no relato da Paixão do Senhor. Este foi posto, diz o santo ancião, sobre o menino, como um sinal de contradição, e em Maria: ‘e uma espada transpassará tua alma’ (cf. Lc 2,34-35).
Verdadeiramente,
ó santa Mãe, uma espada transpassou tua alma. Aliás, somente
transpassando-a, penetraria na carne do Filho. De fato, visto que o teu
Jesus – de todos certamente, mas especialmente teu – a lança cruel,
abrindo-lhe o lado sem poupar um morto, não atingiu a alma dele, mas ela
transpassou a tua alma. A alma dele já ali não estava, a tua, porém,
não podia ser arrancada dali. Por isso, a violência da dor penetrou em
tua alma e nós te proclamamos, com justiça, mais do que mártir, porque a
compaixão ultrapassou a dor da paixão corporal.
E pior que a espada transpassando a alma, não foi aquela palavra que atingiu até à divisão entre alma e o espírito: ‘Mulher, eis aí o teu filho’? (Jo 19,26).
Oh!
Que troca incrível! João, Mãe, te é entregue em vez de Jesus. O servo
em lugar do Senhor, o discípulo pelo Mestre, o filho de Zebedeu pelo
Filho de Deus, o puro homem em vez do Deus Verdadeiro. Como ouvir isso
deixaria de transpassar tua alma tão afetuosa, se até a sua lembrança
nos corta os corações tão de pedra, tão de ferro.
Não
vos admireis, irmãos, que se diga ter Maria sido mártir na alma.
Poderia espantar-se quem não se recordasse do que Paulo afirmou que
entre os maiores crimes dos gentios estava o de serem sem afeição. Muito
longe do coração de Maria tudo isto; esteja também longe de seus
servos.
Talvez
haja quem pergunte: ‘Mas não sabia ela, de antemão, que iria ele
morrer?’ Sem dúvida alguma! ‘E não esperava que logo ressuscitaria?’ Com
toda a confiança. ‘E mesmo assim sofreu com o Crucificado?’ Com toda a
veemência. Aliás, tu quem és ou donde tua sabedoria, para te admirares
mais de Maria que compadecia, do que do Filho de Maria a padecer? Ele
pôde morrer no corpo; não podia ela morrer juntamente no coração? É obra
da caridade: ninguém a teve maior! Obra de caridade também isto: depois
dela nunca houve igual”.
(Dos sermões de São Bernardo, abade).
Tendo diante de nós tão grande testemunho de fidelidade e grandeza de alma, eu pergunto a você: ”Como anda a sua piedade mariana, sua devoção a Virgem Maria, mãe de Jesus e nossa?”
ORAÇÃO A NOSSA SENHORA DAS DORES
Ó
Mãe das Dores, Rainha dos Mártires, que tanto chorastes vosso Filho,
morto para me salvar, alcançai-me uma verdadeira contrição dos meus
pecados e uma sincera mudança de vida.
Mãe,
pela dor que experimentastes quando vosso Divino Filho, no meio de
tantos sofrimentos, inclinando a cabeça expirou à vossa vista sobre a
cruz, eu vos suplico que me alcanceis uma boa morte.
Por
piedade, ó Advogada dos pecadores, não deixeis de amparar a minha alma
na aflição e no combate da temível passagem desta vida à eternidade.
E
como é possível que, neste momento, a palavra e a voz me faltem para
pronunciar o vosso nome e o Nome de Jesus, rogo-vos, desde já, a vós e a
vosso Divino Filho, que me socorras nessa hora extrema e, assim, direi :
“Jesus e Maria, entrego-vos a minha alma. Amém!”
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