Não tentemos enganar o Senhor que sonda os corações
A hipocrisia é a atitude do sistema
religioso representado pelos escribas e fariseus, os quais se fecham em
seu prestígio e poder, julgando-se justos e desprezando o povo humilde.
Jesus critica severamente os escribas e fariseus, porque eles
desprezavam os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a
misericórdia e a fidelidade.
A hipocrisia dos fariseus e escribas com
relação à religiosidade era algo que eles não conseguiam disfarçar, não
obstante a sua falsa aparência de “santos”. Eles se fecham para não
perder prestígio e poder. Julgando-se justos e perfeitos, desprezavam o
povo humilde e excluído da sociedade. Jesus, que enxerga além das
aparências daqueles falsos santos, denuncia toda a sua falsidade.
Por outro lado, o Senhor – no estilo
profético – contradisse a religião da Lei que oprime e humilha o povo
com suas inumeráveis observâncias, favorecendo aqueles que subjugavam o
povo em nome de Deus. Estes mandatários ou representantes da elite
religiosa procuram manter as aparências, porém, falta o essencial, que é
a acolhida da pessoa de Cristo, e o Seu plano de Salvação com Seu amor
misericordioso e vivificante.
Jesus é duro em suas advertências,
chegando a chamar os fariseus de “cegos” e “hipócritas”, pois limpam o
exterior dos seus corpos, enquanto por dentro continuava sujos de
pecados. Ele penetra no coração dos homens. e, com muita sabedoria e
propriedade, denuncia o que há de escondido por debaixo das aparências.
Assim como Ele falava aos mestres da Lei e
aos fariseus, chamando-os de “hipócritas”, Ele também se dirige a
qualquer um de nós que nos enaltecemos em vista das nossas “boas ações”.
Nós também, como os antigos, podemos estar pagando o dízimo de todos os
nossos proventos e até promovendo o bem comum, no entanto, podemos
também estar agindo como “guias cegos” se as nossas atitudes não
estiverem edificando ninguém.
Se estivermos fazendo o bem apenas para
aparecer e chamar a atenção, estão nos faltando os ensinamentos mais
importantes: justiça, misericórdia e fidelidade. Isto acontece quando
aproveitamos os momentos em que todos tomam conhecimento das nossas boas
obras em campanhas, cujo objetivo é somente a nossa promoção pessoal.
Os que se preocupam com isso são os fariseus e os hipócritas.
Que a semente e o veneno dos fariseus
hipócritas – bem como dos escribas – não caiam em nossos corações, a
ponto de, uma vez germinando, sufoque, envenene e mate a Boa Nova que
recebemos de Jesus. Procuremos, pois, viver o que ensinamos, pregamos e
aparentamos ser perante a comunidade cristã, pois não nos esqueçamos de
que o Senhor que vê tudo vai um dia nos julgar.
A partir disso, é fundamental que tanto o
nosso exterior quanto o interior apareçam sem manchas, e não como os
doutores da Lei, cujo exterior aparecia sem manchas, todavia o seu
interior estava cheio de maldade. Jesus nos adverte, enquanto é tempo,
num outro texto: “limpa primeiro o copo por dentro para que também por fora fique limpo”.
Podemos enganar a todos, mas
não enganamos a Deus que sonda o nosso coração e conhece o que há de
mais camuflado dentro de nós. A justiça, a misericórdia e a fidelidade,
portanto, constituem-se em atos concretos de amor. Somos chamados a
fazer o bem, mas tudo com sentido. E por amor!
Meu irmão, minha irmã, será que Jesus, no
Evangelho de hoje, está dizendo alguma coisa para nós? Será que também
nós julgamos os outros por fazer “isso” ou “aquilo” sem nos perguntarmos
porquê o fazem? Ou será que procuramos manter uma aparência de santos,
de quem observa todos os mandamentos de Jesus e tudo mais, porém, na
realidade, não passamos de pecadores maiores que aqueles, os quais, ao
ver as nossas aparências de justos, se sentem pequeninos em relação a
nós?
Resumindo: diríamos que o núcleo desta
narrativa é a contestação da observância religiosa do repouso sabático,
imposta pela Lei de Israel. Esta contestação se insere no conjunto de
outros quatro gestos de Jesus que atentam contra a ordem legal. Ele
liberta o povo da lei da impureza, da culpabilidade do pecado, da
exclusão do convívio social e das observâncias do jejum.
Entrando numa sinagoga, Jesus se depara
com um homem com a mão atrofiada, recuado, sentado no chão,
marginalizado e excluído. Sabe que os chefes religiosos, escribas e
fariseus o observam e querem condená-lo. Não se intimida e,
ostensivamente, toma a iniciativa provocadora. Diz àquele homem
marginalizado que se levante e o chama para o lugar central. Jesus opta
pelo caminho do bem e da vida, e liberta o homem de seu defeito
excludente. Os chefes religiosos optam pelo caminho da morte ao
planejarem como eliminar Jesus.
Pai, abre minha mente para compreender a
Sua santa vontade, a fim de conformar minha vida com ela. E livra-me de
qualquer tipo de preconceito e sobretudo da hipocrisia.
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