O céu é a comunidade bem-aventurada de todos os que estão perfeitamente incorporados a Ele (§1024-1028)
Ninguém será capaz de descrever
plenamente como é o Céu, pois é algo inefável, que não há palavras para
explicar. São Paulo disse que aos coríntios que: “o
que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano
imaginou (Is 64,4), tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles
que o amam”. (1Cor 2,9).
Diz o nosso Catecismo que: “Os que morrem
na graça e na amizade de Deus, e que estão totalmente purificados,
vivem para sempre com Cristo. São para sempre semelhantes a Deus, porque
o vêem “tal como ele é” (1Jo 3,2), face a face: (1Cor 13, 12; Ap 22,
4)”. (§1023)
Jesus Cristo deixou claro: “o meu Reino não é deste mundo” (Jo
18,36), e falou muito do Céu: “De que vale o homem ganhar o mundo
inteiro se vier a perder a vida eterna” (Mc 18,36); “ajuntai tesouros no
Céu onde a traça e o ladrão não entram…” (Mt 6,20); “os justos
resplandecem no Céu” ( Mt 13, 43). Ao moço rico Jesus disse: “Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, e dá aos pobres, terás um tesouro no Céu” (Mt 18,21).
O Papa Bento XII (1334-1342), na encíclica “Benedictus Deus” confirmou o Céu como dogma de fé e que lá já estão os santos: “Com a nossa autoridade apostólica definimos
que, segundo a disposição geral de Deus, as almas de todos os santos
mortos antes da Paixão de Cristo (…) e de todos os outros fiéis mortos
depois de receberem o santo Batismo de Cristo, nos quais não houve nada a purificar, quando morreram, (…) ou ainda, se houve ou há algo a purificar, quando, depois da sua morte,
tiverem acabado de fazê-lo, (…) antes mesmo da ressurreição nos seus
corpos e de juízo geral, e isto desde a ascensão do Senhor e Salvador Jesus Cristo
ao Céu, estiveram, estão e estarão no Céu, no Reino dos Céus e no
paraíso celeste com Cristo, admitidos na sociedade dos santo anjos.
Desde a paixão e a morte de Nosso Senhor Jesus Cristo, viram e vêem a
essência divina com uma visão intuitiva e até face a face sem a mediação
de nenhuma criatura” (LG 49).
O Papa Paulo VI, em 1967, e sua Profissão
de Fé, “O Credo do Povo de Deus”, ratificou a realidade do Céu e a
intercessão dos santos por nós: “Cremos que a multidão daqueles que
estão reunidos em torno de Jesus e de Maria no Paraíso forma a Igreja do
Céu, onde na beatitude eterna vêem a Deus como Ele é, e onde estão
também, em graus diversos, associados com os Santos Anjos ao governo
divino exercido pelo Cristo na glória, intercedendo por nós e ajudando nossa fraqueza por sua solicitude fraterna” (n. 29).
A
grande força da Igreja nesses vinte séculos, que a fez vencer todas as
formas de perseguição e tribulação, foi a certeza do Céu; a Igreja
Católica sabe que a eternidade lhe pertence; por isso não se desespera
nunca com as mazelas deste mundo. Santa Maria Egípcia, após
a sua maravilhosa conversão, viveu no deserto, por mais de cinquenta
anos, na mais dura penitência. Próximo da sua morte, São Zózimo lhe
perguntou como ela pudera suportar, naquele lugar de horrores, uma vida
tão austera. E a resposta foi essa: “Meu padre, com a esperança do Céu”.
É essa “esperança do Céu” que precisa ser re-semeada sobre a terra. Para muitos o Céu já nem existe mais… Que tristeza!
Mas como é o Céu? O
Catecismo nos ensina muitas coisas: “Essa vida perfeita com a Santíssima
Trindade, essa comunhão de vida e de amor com Ela, com a Virgem Maria,
os Anjos e todos os Bem aventurados, é denominada “o Céu”. O Céu é o fim
último e a realização das aspirações mais profundas do homem, o estado
de felicidade suprema e definitiva. Viver no Céu é “viver com Cristo”
(Jo 14, 3; Fl 1,23; 1Ts 4, 17). Os eleitos vivem “nele”, mas lá
conservam – ou melhor, lá encontram - sua verdadeira
identidade, seu nome próprio (Ap 2, 17). Por sua morte e Ressurreição
Jesus Cristo nos “abriu” o Céu. A vida dos bem-aventurados consiste na
posse em plenitude dos frutos da redenção operada por Cristo, que
associou à sua glorificação celeste os que creram nele e ficaram fiéis à
sua vontade. O céu é a comunidade bem-aventurada de todos os que estão
perfeitamente incorporados a Ele.” (§1024-1028)
A Igreja ensina que na glória do Céu os
bem-aventurados continuam a cumprir com alegria a vontade de Deus em
relação aos outros homens e à criação inteira. Já reinam com Cristo;
“com Ele reinarão pelos séculos dos séculos.” (Ap 22,5; Mt 25, 21. 23)
Na Oração Sacerdotal Jesus disse: “Ora, a
vida eterna consiste em que conheçam a Ti, um só Deus verdadeiro, e a
Jesus Cristo que enviaste.” (Jo 17, 3). Esta é uma excelente referência
de como será o Céu: um conhecimento contínuo de Deus; e, como Deus é
infinito, este conhecimento também o será, por toda a eternidade. No Céu
não haverá fastio, não nos cansaremos de contemplar a cada instante a
Face de Deus que sempre nos será nova. E o louvor, então, naturalmente,
será incessante diante das maravilhas de Deus.
Alguns perguntam se no Céu veremos os
nossos entes queridos; São Tomás de Aquino, responde: “A contemplação da
Essência divina não absorve os santos de maneira a impedir-lhes a
percepção das coisas sensíveis, a contemplação das criaturas e a sua
própria ação. Reciprocamente, essa percepção, essa contemplação e essa
ação não os podem distrair da visão beatífica de Deus. Assim era em
relação a Nosso Senhor aqui na terra” (Suma Teológica 30,84).
Disse Santo Agostinho, na “Cidade de Deus”, diz que os bem-aventurados
“formarão uma cidade, onde terão todos uma só alma e um só coração, de
tal sorte que, na perfeição dessa unidade, os pensamentos de cada um não
serão ocultos aos outros”.
Jesus
ensina que no Céu não haverá mais casamento, e que seremos como Anjos;
isto é, a realidade da vida conjugal, sexual, etc. já não haverá, é uma
realidade da terra. No Céu nossa alma desposará o próprio Senhor. São
Francisco Xavier, lá das Indias, escrevia a Santo Inácio de Loyola, seu
pai espiritual: “Dizeis, no excesso de vossa amizade por mim, que
desejareis ardentemente ver-me ainda uma vez antes de morrer. De fato,
não nos tornaremos a ver na terra senão por meio de cartas. Mas no Céu,
ah! Se-lo-á face a face! E então como nos abraçaremos! “ (Cartas de São Francisco Xavier, 93, nº 3).
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