Pra começar esta reflexão, gostaria de
lembrar que o primeiro milagre que acontece quando somos desafiados a
falar sobre a santidade é o fato de um pecador, como eu, estar tentando
converter outros pecadores. Também explico que não venho aqui fazer
uma nova proposta de santidade. Não gostaria de trazer uma ideia de
santidade que já estamos acostumados a ver, aquela ideia retratada pelos
artistas, nos quadros, nas imagens etc. Nada de ideias de piedade e de
tristeza, de pessoas cabisbaixas. Não venho ainda para questionar a
roupa que você usa, o calçado, a cor do esmalte em suas unhas ou o corte
dos seus cabelos! Acho que isso é muito pouco. A santidade que buscamos
não é aquela que traz um rosto de sofrimento. Isso porque para ser
santo não estamos condenados a permanecer na fila dos derrotados; pelo
contrário, fomos eleitos para sermos vitoriosos!
No entanto, ao abordar essa temática,
confesso que tenho medo que esse artigo encontre muitas pessoas
resistentes, que não se interessam sobre esse tipo de reflexão. Pessoas
que creem estar numa fé “madura”, num outro patamar, e que já não
necessitam pensar a respeito. Consideram isso um retrocesso na
caminhada, porque ouviram sobre esse assunto o suficiente. Vejamos o
que diz a Palavra de Deus, então.
Está escrito: “Ninguém te despreze por
seres jovem. Ao contrário, torna-te modelo para os fieis, no modo de
falar e de viver, na caridade, na fé, na castidade” ( 1Tm 4,12). Nesse
trecho, São Paulo exorta o jovem Timóteo a tornar-se modelo para os
fiéis, pois santidade é graça do Espírito Santo, mas que sugere o nosso
empenho pessoal. Desse modo, se pode ver que Deus quer me fazer santo
do jeito que sou, do jeito que Ele me fez, com o meu temperamento. Nosso
povo é ávido de ver uma correspondência entre o que pregamos e a nossa
própria vida.
Nossas palavras e vidas têm que ser
modelo de santidade para o mundo. Às vezes, por causa da nossa postura,
somos segregados até dos próprios familiares, porque nossos hábitos de
servos de Deus são diferentes e isso muito os incomoda. Irmãos, nós não
podemos agradar a todos! E nem sei se seria bom agradá-los (em
determinadas situações). Nós não podemos ser radicalistas, mas
obviamente que haveremos de ser radicais. Não podemos fazer as coisas
que o “mundo faz”, não podemos participar das mesmas festas, ter os
mesmos hábitos, visto que somos separados para Deus.
Isso acontece a partir do momento em que
eu me predisponho a dar uma medida maior de amor a Jesus Cristo. É
preciso que se cumpram as bem-aventuranças em nós. Para tanto, a vida
espiritual deve ser o caminho. Se eu não rezo, não tenho visão
espiritual, isso me leva ao relativismo. Assim, estaremos fecundando a
chamada “ditadura do relativismo”, como bem nos alertava o papa Bento
XVI no início do seu pontificado. Há muito tempo aprendi com o ditado
que “filho de peixe, peixinho é”. Vocês não acham que os filhos de
carismáticos deveriam ser igualmente “carismaticozinhos”? Eu não posso
ficar fazendo concessões aqui e acolá, nem mesmo com meus filhos, sob
pena de não conseguir testemunhar a Cristo Jesus.
É até engraçado quando sou interpelado
por pessoas me perguntando se eu já assisti este ou aquele filme de
sucesso. Fico pensando que se eu não tenho tempo nem para coisas mais
importantes, como é que vou parar para ver filmes de todos os tipos?
Não se trata de legalismo e de alienação. Mas o meu objetivo é o céu,
então tenho que me dedicar a isso. Observo também outra coisa: tenho
sido convidado para festas de carismáticos, como casamentos e
aniversários, e vejo que elas não diferem em nada das festas mundanas,
com as mesmas músicas, as mesmas bebidas e assim por diante.
Santidade é fazer a vontade de Deus. E
agora eu pergunto: temos feito, de fato, a vontade de Deus? Nos nossos
projetos, está a vontade de Deus? Está a mão de Deus? Nos projetos
políticos, qual é a intenção ao lançá-los? Quais são as nossas
intenções, até mesmo ao pregar a Palavra de Deus? E os nossos negócios,
eles não deveriam seguir um padrão diferente dos padrões do mundo?
Cristãos carismáticos não podem praticar a fraude, a informalidade para
comprar e vender, tampouco “dar o jeitinho brasileiro” para levar
vantagem em tudo.
Tenho observado alguns pregadores que
dizem, por exemplo: “Estou falando, mas sou fraco, não me tome por
base”. Ora, se eu não sirvo de base, então o que estou fazendo no
púlpito? Não podemos ter medo de dizer como o Apóstolo Paulo: “Sede
meus imitadores” (1Cor 11,1a). O que me identifica com servo de Deus não
é que eu nunca caia, mas o fato de, se eu cair, me levantar porque Deus
é misericordioso. E quando falo de quedas, nem estou me referindo
àqueles pecados de outrora que assustavam a opinião pública; estou
falando de “pequenos” pecados do dia-dia, pois, afinal de contas, não
tropeçamos mais em “montanhas”, mas sim em pequenos obstáculos.
A santidade deve ser manifestada em
nossas vidas, pois as pessoas devem ver que há uma diferença em nós.
Sou santo não porque uso uma cruz deste ou daquele tamanho; não porque
uso uma camiseta com esta ou aquela estampa de piedade (eu também as
tenho), mas porque mostro isso com a vida, na caridade e na pureza.
Certamente não devo querer ser santo só para mostrar para os outros. O
que deve acontecer é que, a partir da nossa postura e da nossa conduta,
as pessoas se sintam atraídas para Cristo.
Para finalizar, quero exortar cada um de
forma direta: para de flertar com aquela cervejinha, para de flertar
com a sua TV e com a internet! Tenha coragem de ocupar bem o seu tempo!
Não brinque com essas coisas se você quer uma vida de santidade. Se
você tem áreas de fragilidade aqui ou acolá na sua vida, cuide-se. O
demônio conhece perfeitamente nossas fraquezas e ele está sempre
aguardando uma oportunidade para nos derrubar, vigiemos, portanto.
Muitas vezes as pessoas olham para nós e
dizem que gostariam de ser iguais a nós. Essa afirmação pode parecer um
pouco pesada, mas é isso mesmo que devemos ser, nos esforçarmos para
ser: modelos! E você, quer ser modelo?
Por Onazir Conceição
Coordenador Nacional do Ministério de Oração por Cura e Libertação
Grupo de Oração Rainha da Paz
Coordenador Nacional do Ministério de Oração por Cura e Libertação
Grupo de Oração Rainha da Paz
Fonte: www.rccbrasil.org.br
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