
O mesmo Apóstolo ensina-nos que a
provação nos “aperfeiçoará” e nos tornará “inabaláveis”. É importante
não se deixar perturbar no fogo da provação. Não se exasperar, não
perder a paz e a calma, pois é exatamente isso que o tentador deseja.
Uma alma agitada fica a seu bel-prazer.
Não consegue rezar, fica irritada, mal-humorada, triste, indelicada com
os outros e acaba deprimida.
O antídoto contra tudo isso é a humilde
aceitação da vontade de Deus no exato momento em que algo desagradável
nos ocorre, dando, de imediato, glória a Deus, como São Paulo ensina:
“Em todas as circunstâncias dai graças, pois esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus” (1 Tes 5,16).
É preciso fazer esse grande e difícil
exercício de dar glória a Deus na adversidade. Nesses momentos gosto de
glorificar a Deus, rezar muitas vezes o “Glória ao Pai, ao Filho e ao
Espírito Santo…” até que minha alma se acalme e se abandone aos cuidados
do Senhor.
Essa atitude muito agrada ao Senhor, pois
é a expressão da fé pura de quem se abandona aos Seus cuidados. É como a
fé de Maria e de Abraão que “esperaram contra toda a esperança” (cf.
Hb11,17-19), e assim, agradaram a Deus sobremaneira.
Da mesma forma, Jó agradou muito ao
Todo-poderoso porque no meio de todas as provações, tendo perdido todos
os seus bens e todos os seus filhos, ainda assim soube dizer com fé:
“Nu saí do ventre da minha mãe, nu voltarei. O Senhor deu, o Senhor tirou; bendito seja o nome do Senhor!” (Jo 1,21).
Afirmam os santos que vale mais um
“Bendito seja Deus!”, pronunciado com o coração, no meio do fogo da
provação, do que mil atos de ação de graças quando tudo vai bem.
O Jardineiro Divino da nossa alma sabe os
métodos que deve empregar para limpar cada alma. Não se assuste com as
podas que Ele fizer no jardim de sua alma.

Para nós, essas palavras parecem um
absurdo, mas não para os santos, que conheceram todo o poder salvífico e
santificador do sofrimento.
“As nossas tribulações de momento são leves e nos preparam um peso de glória eterna” (II Cor 4,17).
Quando São Francisco de Assis passava um
dia sem nada sofrer por Deus, temia que o Senhor tivesse se esquecido
dele. São João Crisóstomo, doutor da Igreja, diz que “é melhor sofrer do
que fazer milagres, já que aquele que faz milagres se torna devedor de
Deus, mas no sofrimento Deus se torna devedor do homem”.
As ofensas, as injúrias, os desprezos, os
cinismos irritantes, as doenças, as dores, as lágrimas, as tentações, a
humilhação do pecado próprio, etc., nos são necessários, pois nos dão a
oportunidade de lutar contra as nossas misérias.
Isso tudo, repito mais uma vez, não quer
dizer que Deus seja o autor do mal ou que Ele se alegre com o nosso
sofrimento, não. O que o Senhor faz, de maneira até amável, é
transformar o sofrimento, que é o salário do próprio pecado do homem, em
matéria-prima de nossa própria salvação, dando assim, um sentido à
nossa dor.
A partir daí, sob a luz da fé, podemos
sofrer com esperança. É o enorme abismo que nos separa dos ateus, para
quem a dor e a morte continuam a ser o mais terrível dos absurdos da
vida humana.
A provação produz a perseverança, e por ela, passo a passo, chegaremos à perfeição, como nos ensina São Tiago.

Sofrer com paciência é sabedoria, pois
assim se vive com paz. Quem sofre sem paciência e sem fé, revolta-se,
desespera-se, sofre em dobro, além de fazer os outros sofrerem também.
Santo Afonso disse que “neste vale de
lágrimas não pode ter a paz interior senão quem recebe e abraça com amor
os sofrimentos, tendo em vista agradar a Deus”. Segundo ele “essa é a
condição a que estamos reduzidos em consequência da corrupção do
pecado”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário